Homília Pe. Volantino - Tríduo de São Francisco | 1º dia | 01/10/2025
- Sorella Clara M. C.
- 4 ott
- Tempo di lettura: 8 min
Aggiornamento: 5 ott
Tradução em Português:
Bem, caríssimos irmãos e irmãs, neste tríduo de preparação para a festa de São Francisco, aqui, nesta igreja, santuário dedicado a ele e à Imaculada, no dia de Santa Teresinha, no Evangelho, falamos dos pequenos. E esses dois gigantes da fé, Santa Teresinha, que também se inspirava em Francisco para chegar primeiro a Jesus, Jesus que fala de conversão. E, portanto, se soubermos imitar Santa Teresinha, que escolheu o caminho da simplicidade e da pequenez, e São Francisco de Assis, que segundo Ratzinger é até hoje o maior santo da história da Igreja, então também nós podemos chegar a Jesus, que viveu, pregou, morreu na cruz, mas depois ressuscitou – o mais importante, que a todos nos atrai na vida de Jesus.
Bem, neste tríduo, já que é dedicado a São Francisco, ainda que hoje seja Santa Teresinha do Menino Jesus, ela certamente ficará feliz que falaremos de Francisco de Assis. Dividiremos este tríduo em três pontos:
Primeiro dia: como o Senhor falou concretamente a São Francisco de Assis. Assim, também nós podemos entender como Deus nos fala todos os dias.
Segundo dia: falaremos do grande sofrimento de Francisco de Assis para obter a aprovação da Regra. Um verdadeiro trabalho árduo, e para quem conhece é belo saber, porque não nasceu do nada a Regra de São Francisco, com seus frades, com as irmãs e os terceiros etc.
Terceiro dia: tudo o que se faz, faz-se por um motivo: pelos frutos, pelo maior ganho, que são as almas. No terceiro dia falaremos das estigmas, de sua canonização e dos frutos espirituais de Francisco, que se estenderam ao longo dos séculos, até que no próximo ano – como padre Ângelo me mandou o link – será o 800º ano de São Francisco, e será festa nacional.
Bem, como o Senhor falou a São Francisco de Assis? Antes, brevemente, o contexto de sua vida. Quero ler um pequeno trecho, um escrito de Ratzinger. O que ele diz, em resumo, de Francisco de Assis? Bento XVI dizia: «Francisco de Assis, um autêntico "gigante" da santidade, que continua a fascinar muitíssimas pessoas de todas as idades e religiões. "Nasceu no mundo um sol". Com estas palavras, na Divina Comédia, o sumo poeta italiano Dante Alighieri alude ao nascimento de Francisco, ocorrido entre o final de 1181 e o início de 1182, em Assis. Pertencente a uma família rica – o pai era comerciante de tecidos – Francisco transcorreu uma adolescência e uma juventude tranquilas, cultivando os ideais cavalheirescos da época. Com vinte anos participou numa campanha militar».
Como relatam as fontes franciscanas, ele queria tornar-se nobre; era ambicioso e sedento de glória. As fontes franciscanas dizem também que o Senhor, aproveitando-se dessa sede de glória, o conquistou com o miragem mais alto da glória. Mostrou-lhe em sonho um palácio cheio de armas e uma esposa belíssima. As mesmas fontes explicam que Francisco compreendeu que aquelas armas eram as armas da luz, o palácio representava a Igreja e a esposa era a Senhora Pobreza. Mas vamos por ordem.
Francisco era um jovem mundano, gostava de festas. Então faz esse sonho claro, que todos lembramos porque está escrito e recontado, mas o interpreta em sentido mundano: entende que aquelas armas eram presságio de que deveria tornar-se um grande cavaleiro. Então se arma, compra armas, prepara-se para ser condecorado com o título de cavaleiro e parte em direção a Perúsia. Mas, enquanto ia a caminho, desceu do cavalo, um pouco como Paulo que caiu do cavalo. Estava cansado, adormeceu um pouco e ouviu uma voz clara que lhe dizia:
“Francisco, o que é melhor servir: o servo ou o senhor?”E Francisco respondeu: “O senhor.”E a voz replicou: “Então por que estás indo servir o servo? Volta para tua cidade natal. O sonho que te foi mostrado deve ser reinterpretado em sentido espiritual.”
Vede, também Paulo nos Atos dos Apóstolos (cap. 22 e outros capítulos anteriores) teve visão semelhante: quando viu Jesus, perguntou: “Senhor, o que queres que eu faça?”. Tal como Francisco que disse: “Senhor o que queres que eu faça?”. E Jesus disse a Paulo que fosse a Damasco, onde compreenderia a vontade de Deus. A Francisco o Senhor lhe disse para ele voltar à sua cidade natal, a Assis, e lá lhe seria dito o que o Senhor queria dele.
Mas cidade natal significa também: voltar a ser como criança – o Evangelho de hoje. Não só voltar a Assis, mas voltar espiritualmente como criança e reinterpretar em sentido espiritual a visão em sonho.
Francisco retorna a Assis, mas não sabe o que fazer. O que vocês teriam feito? Ele se põe a rezar e faz esta oração: “Altíssimo Senhor, que queres de mim? Tudo o que eu tinha já te dei. Seguir-te-ei na alegria e na dor”. Francisco faz esta promessa ao Senhor, “o que queres de mim, faz-me entender e te seguirei na alegria e na dor. Mas faz-me compreender a tua vontade.”
E Jesus lhe responde: “Francisco, vai e repara a minha casa, que como vês está em ruínas.”As fontes franciscanas dizem – algo inaudito – que o crucifixo de São Damião de madeira moveu os lábios, e Francisco ouviu com os próprios ouvidos esta voz. Porém, se lemos as fontes franciscanas inteiras - tal como os sinóticos nos Evangelhos, que são Evangelhos similares - do mesmo modo tem várias citações e vários autores nas fontes franciscanas, que dizem que Francisco “percebeu” no coração.
Quando falamos de “percepção” no coração, Ratzinger explica (na introdução ao Magistério de João Paulo II, nº 294) quando fala das visões de Fátima, diz que existem três tipos de visão ou três tipos de percepções:
1. A percepção/visão com os sentidos, por exemplo, eu agora estou olhando para vocês e vocês estão olhando para mim.
2. A percepção/visão intelectual, são aquelas onde te fazes “viagens mentais”.
3. A percepção/visão interior que é no coração, que é esta de Francisco, a visão em sonho.
E fala que estas percepções, quando vês imagens internamente, que não são externas, mas que tocam a alma, isso não é fantasia: é um toque de origem superior, do alto, que o Espírito nos envia para vivermos melhor o Evangelho na atualidade. Esta é uma explicação de Ratzinger quando era prefeito da Congregação da doutrina da fé.
Francisco não conhecia Ratzinger, porém iluminado pelo Espírito, compreende que deve reparar a casa do Senhor. As fontes franciscanas dizem que, como um novo Davi, ele agora se arma das armas espirituais. Quais são estas armas espirituais que o Senhor lhe mostrou? O Senhor lhe falou dentro para depois ele ir encontrar externamente a resposta, como Salomão, que quando teve o sonho no primeiro livro dos Reis, capítulo 3, vê que Deus lhe dá a sabedoria. Se levanta e vai ao templo. Então, Francisco, se levanta e vai escrutar as Escrituras. E quais são estas armas nas Escrituras? Em Efésios 6, diz que a armadura do Espírito para combater os espíritos do mal, são:
- O capacete da salvação, isto é, se nós sempre pensamos como nos salvarmos e como salvar os outros em Jesus, com Jesus e para Jesus, como também dizia Pe. Pio. Qualquer golpe que atinge nossa inteligência, nada nos levará fora do caminho.
- Ter o escudo da fé. Nós que fizemos a experiência da fé, sabemos que existe o Paraíso, sabemos que existe o Purgatório, sabemos que existe o Inferno, com certeza, porque é a Revelação Pública, isto é, a Bíblia, que nos o diz. Nenhuma flecha, nenhum espinho, nenhuma lança, poderá perfurar a nossa alma.
- O cinto da verdade. Não se deve mentir, nem mentiras brancas, nem cinza, nem azuis, nem marrom, não se dizem mentiras, porque o risco é sério. Poderíamos dizer tantas coisas sobre isso.
- A espada do Espírito. Recordam São Paulo, quando se está nos braços de Bernini, temos São Pedro com as chaves, as justas chaves de interpretação, isto é, a hermenêutica justa, e do outro lado tem São Paulo com a espada. Mas se Jesus diz de oferecer a outra face e diz a Pedro de colocar a espada na bainha, porque Paulo é representado com a espada? Esta é a arma por excelência! O próprio São Paulo diz que a espada do Espírito é a Palavra de Deus. Depois diz também:
- As sandálias da prontidão. São Pedro que tem as chaves do Paraíso, diz: estejam sempre prontos para dar razão – em grego logike, que significa lógica. Nós não somos ilógicos. Então: Estejam sempre prontos a dar razão da – elpis (em grego) esperança, que não se entende bem, é “espera” no sentido de “aguardar” – que está em vós (cf. 1Pe 3,15), isto é, a Ressurreição, isto é, o Paraíso, isto é, a Vida Eterna, isto é, a Felicidade sem fim, isto é, a glória eterna que Francisco buscava.
Assim, Deus mostra a Francisco a Glória, e ele entende que não deve mais ser cavaleiro mundano, que mata, mas entende que chegou o momento para ele cavalgar o verdadeiro cavalo, não o cavalo do Sal 31,9 que diz: “não sejais como a mula e o cavalo sem inteligência”, mas o cavalo que jesus cavalgava, isto é, o Espírito. Cavalgar a onda do Espírito para fazer a nova batalha, do novo Davi, com as armas da luz. Vejam quanto bem Francisco fez.
Olhem quanto bem Francisco fez. A última coisa ou quase última, Francisco neste sonho vê a noiva mais bela. Ele estava arrebatado por este sonho porque era muito claro e então vai no meio de seus amigos e eles veem que ele estava um pouco estranho, dizem as fontes franciscanas e dizem-lhe: "Francisco, por acaso você decidiu se casar?" E ele diz: sim, eu sonhei que tomarei... - As fontes franciscanas falam isto, não estou falando eu. - "Eu sonhei que tomarei a moça, ou seja, a noiva mais bela que supera todas as outras em beleza, glória, etc., sabedoria, Senhora Pobreza”. Porque Francisco, a vida de Francisco nos ensina que se nós vivermos no desapego, eu posso ir em qualquer parte do mundo. Hoje em dia é ainda mais fácil. Basta-me um telefone celular e tenho o escritório sempre comigo. Posso fazer um monte de coisas. Antes talvez não, mas hoje sim. Um par de sandálias, que se encontram em qualquer lugar, um saco, um hábito e você vai, está livre, pode viajar pelo mundo de carona como nós fazemos, mas nem todos são chamados a isso, porém no caminho de nossa vida, como diria Foeta, nós devemos aprender o desapego afetivo e efetivo.
Então a beleza da Senhora Pobreza que Francisco vê. Esta noiva, fará dele rico para sempre. Pedimos ao Senhor a graça e a São Francisco de obtê-la para nós através, de suas orações e seus méritos, de poder entender com atenção como Deus nos fala cada dia com um trecho de Jó que eu digo frequentemente.
Capítulo 33 versículo 13, diz assim: "Por que você se queixa se Deus não responde a cada sua palavra?" E depois o versículo 14: “Deus fala de um jeito ou de outro, mas não se presta atenção”. Versículo 15: “Fala no sonho, - como neste caso de Francisco -, visão noturna quando cai o sono profundo sobre os homens e eles adormecem em sua cama. Abre então o ouvido dos homens e com aparições os assusta ou os seduz - como no caso de Francisco.
Portanto, Deus fala em primeiro lugar com a palavra de Deus e depois com as coincidências, também com os sonhos. O importante é que tudo o que nos acontece, o reinterpretamos, como Deus disse a Francisco, à luz da palavra de Deus; como Salomão, que quando acorda do sonho, esqueci de o dizer antes, primeiro vai à arca da aliança, ou seja, na palavra de Deus, na qual também estava o pastoral e também havia o maná, nesta arca da aliança. Que seria o, de então, pastoral de Aarão, de Moisés, e hoje, do Papa e dos bispos e dos colaboradores dos bispos e o maná figura da Eucaristia. Se reinterpretarmos tudo o que vemos, a palavra, sinais, sonhos, coincidências, prodígios à luz das Escrituras e à luz do magistério da Igreja sob o Papa de Roma e dos bispos colaboradores do Papa e dos sacerdotes colaboradores dos bispos etc. Então nós estamos seguros, como Francisco, quando ele queria viver pelo mundo andando sem nada, o que fez? Leu a Bíblia e teve dúvida. Depois está escrito de ir sem nada. Foi a São Damião ao sacerdote e disse-lhe: "Mas significa isso que está escrito aqui?" O sacerdote disse-lhe: "Sim, significa isso."
Ele seguro e obediente à Igreja foi. E a coisa mais forte de São Francisco era o desapego que até hoje ainda dá muitos frutos de meditação e de conversão e de vocação. Louvado seja Jesus Cristo.
Commenti